Podemos localizar o poder secreto das histórias e “reinstalar” esse poder em outros textos, como novas baterias em um brinquedo antigo?
Podemos de alguma forma criar algum Frankenstein através de um “transplante” cirúrgico do “Storytelling” para respirar a vida em formas não contadas da informação? Se sim, como identificamos esse poder?
Para entender melhor as questões de como funciona a psicologia do Storytelling e da Gamificação, continue acompanhando esse nosso post e saiba mais sobre essa nova visão de conteúdos estratégicos.
Como Freud explica essa questão?
Segundo Freud, essas respostas estão na maneira como as histórias reencenam experiências fundamentais de perda e recuperação. Para tal, considere esses papéis nas mais conhecidas das histórias.
Um romance popular normalmente envolve a perda e recuperação do amor. Mistérios e aventuras são muitas vezes motivados pela necessidade de recuperar algum objeto perdido ou roubado.
Linhas convencionais de gêneros populares – por exemplo, resolvendo um assassinato ou encontrando um tesouro enterrado – representam a recuperação de algo perdido, de uma maneira ou de outra.
Onde entra a Gamificação?
Em termos freudianos, as histórias envolvem uma ansiedade humana mais fundamental, se não inconsciente, sobre a perda. Ao dramatizar a perda e a recuperação, as histórias oferecem um meio seguro e emocionalmente manejável de ensaiar medos mais profundos.
Enquanto as ideias de Freud sobre recuperação e perda fornecem uma visão sobre o poder envolvente das histórias, seus pensamentos sobre a questão realmente emergiram em grande parte de suas reflexões sobre o apelo de simples jogos de infância.
Freud primeiro pensou sobre o significado desses jogos ao assistir seu neto brincar com um carro de brinquedo. O menino rolava o carrinho para longe, gritando “vai!” E então o via voltar, gritando “aqui!”.
Para Freud, o jogo de perder e, em seguida, recuperar o carro de brinquedo serve como uma maneira segura de experimentar perda e recuperação.
De acordo com essa teoria, simplesmente jogar um jogo de captura – ou qualquer jogo de bola que envolva perda e recuperação – fornece, sem dúvida, um meio similarmente catártico de ensaiar perda e retorno.
A diversão secreta do jogo consiste em sua capacidade de fornecer uma saída e um potencial domínio sobre ansiedades mais profundas que podem ser difíceis de enfrentar.
Como isso se aplica na psicologia do Storytelling?
Estendida ao drama da recuperação e da perda no trabalho em linhas de enredo, as ideias de Freud vão além da noção de que gostamos de histórias porque nos relacionamos com os personagens ou eventos que são retratados.
Em vez disso, as histórias supostamente têm profundas semelhanças com a própria estrutura de nossa experiência emocional. Outros, claro, contra argumentam que estruturamos o conhecimento do mundo em “forma de história” porque as histórias nos treinaram a pensar dessa maneira.
As histórias imitam o pensamento, ou o pensamento imita as histórias? Esta não é simplesmente uma pergunta como aquela: quem veio primeiro: “o ovo ou a galinha?”. Ela fornece insights sobre as tentativas criativas de inspirar novas estratégias de contar histórias.
A discussão de Freud sobre “perda/recuperação” também pode nos ajudar a entender o apelo das histórias: como jogos, as histórias fornecem uma experiência segura de perda e recuperação, uma reconfortante experiência de resolução que compensa os medos inconscientes não resolvidos.
Como podemos ligar essa teoria com o Storytelling e a Gamificação?
O paralelo entre histórias e jogos sugere outras possibilidades estratégicas de como desenvolver histórias. Os desenvolvedores da Web se baseiam em estratégias de jogos para “gamificar” e melhorar o engajamento nos sites.
A gamificação envolve o uso de elementos de jogos para otimizar a interação com campanhas de marketing e marcas. Fundamentalmente, as estruturas de jogos vivem em termos de ganhar e perder, e esta estrutura recria as “tensões” de perda/recuperação e conflito/resolução que Freud ligou às emoções inconscientes.
As ideias de Freud nos ajudam a entender melhor como podemos “transferir” ou encontrar a envolvente história de elementos dramáticos no conteúdo. Talvez o poder secreto da história resida no drama fundamental de perda e recuperação que impulsiona nossa experiência emocional do mundo – um drama que pode surgir de formas surpreendentemente inesperadas.
Gostou desse nosso post? Ficou alguma dúvida sobre a psicologia do Storytelling e da Gamificação? Deixe um comentário e compartilhe com a gente suas questões!